Apesar do “Dia dos Pais” ser uma data com forte apelo consumista e, portanto, em sua concepção tradicional, contrária à sustentabilidade, a data pode nos levar a uma reflexão de cunho ambiental.
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Aptenodytes forsteri (pinguim- imperador) - um dos melhores pais do reino animal |
Ser pai exige uma postura de responsabilidade, não apenas para com os filhos, mas com as futuras gerações de um modo geral. Os filhos, durante a infância, são grandes imitadores de seus pais. O comportamento de imitação muitas vezes é oriundo da admiração que as crianças têm pelos pais e da noção de que o pai é uma pessoa com poderes extraordinários, um herói, alguém que sabe tudo. Na adolescência, começam a delimitar sua própria identidade e passam a ter comportamentos distintos daqueles da família, com a finalidade de autoafirmação. Na realidade continuam imitando, porém não mais os comportamentos do núcleo familiar, que não escolheram, mas do grupo social, da “tribo” que optaram por seguir. A noção de pertencimento a determinado grupo implica a adoção de padrões de comportamento semelhantes aos dos demais membros desse grupo.
Embora haja mudanças no comportamento ao longo do desenvolvimento dos filhos, padrões aprendidos na infância, durante a convivência familiar, tendem a se perpetuar na vida de quem os aprendeu. Isso é muito característico nos comportamentos relacionados ao meio ambiente e à sustentabilidade. Em geral, crianças que crescem em um meio no qual não há preocupação com o desperdício de recursos naturais, com geração de resíduos e com o respeito à natureza, tendem a desenvolver comportamentos inadequados diante dessas questões. É verdade que nos dias atuais as crianças recebem muita informação na escola, nos meios de comunicação de massa, na internet, e acabam construindo seu próprio conhecimento que na maioria das vezes é ambientalmente mais adequado que o de seus pais. É a evolução da sociedade. Não raro, são nossos filhos que nos cobram por uma mudança de comportamento, e nos ensinam a cuidar melhor do planeta. Porém, o padrão de comportamento que desenvolverão, será o resultado das influências familiares somadas às dos outros grupos sociais dos quais participam. Assim, em relação à sustentabilidade, o exemplo familiar sempre terá um papel fundamental no comportamento futuro das crianças. Os hábitos adquiridos a partir da cobrança dos filhos servem de exemplo para retroalimentar atitudes positivas das crianças.
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Naquela época, desenvolver atitudes voltadas à conservação ambiental, era considerado mera opção, capricho ou aptidão profissional. As grandes preocupações sobre mudanças climáticas, extinção de espécies e esgotamento dos recursos naturais ainda não haviam se popularizado, apesar de já estarem na agenda mundial desde a conferência de Estocolmo, em 1972. Hoje a realidade é outra. Servir de exemplo aos nossos filhos e municiá-los com os instrumentos que os possibilitarão construir conhecimentos e desenvolver competências sustentáveis, tornaram-se obrigações de qualquer pai que se preocupe com o futuro de sua prole.
O maior desafio para a formação de filhos “sustentáveis” é o apelo ao consumo que domina nossa sociedade capitalista. Desde muito cedo os pequenos são bombardeados com publicidade incentivadora do consumo. A convivência social também os motiva a ter coisas que na realidade não precisam. Nós pais, preocupados que somos com o bem estar das nossas crianças, muitas vezes compramos o que eles nos pedem apenas para ver um lindo sorriso estampado em seus rostos angelicais, mesmo sabendo que aquele presente gerou uma alegria momentânea e que após alguns dias o mimo ficará esquecido em um canto qualquer da casa, pois o mercado já tratou de produzir uma nova “bola-da-vez” para despertar a ambição infantil.
Mas não é apenas a publicidade que faz das crianças consumidores compulsivos. Novamente nosso exemplo tem grande influência. A cada vez que compramos o que não precisamos ou trocamos o carro ou celular apenas para ostentar o último lançamento, estamos ensinando um padrão comportamental que será adotado em suas vidas. Ao invés de fazermos passeios em parques, unidades de conservação ou outros ambientes naturais, preferimos o comodismo do shopping center.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcV9Cfl3GIWbjDECXFElKWNqGLQuVegcbEz-RLZt0kpuoGWo8OFCrqcntZGlPvjI_L1VhnytwdMmUZ5EB7qH4Ta_STz_BmDNAVoU0XYcgytt5ykLnsbzo5EybE3ISZg2fTAN4ZhM2pxz0i/s200/pai.jpg)
Mesmo querendo ajudar nossos filhos, estamos sendo egoístas para com eles, ainda que inconscientemente. Estamos deixando um meio ambiente pior do que aquele que encontramos na nossa chegada. Esse é o grande débito da nossa geração, que será pago pela próxima, a um alto custo. Nossa responsabilidade é muito maior do que a de gerações anteriores, porque nós não podemos alegar desconhecimento das consequências das nossas ações, ao contrário dos nossos antepassados.
Neste dia dos pais e daqui para frente, mais do que ganhar, precisamos dar aos nossos filhos o presente que realmente necessitam. Os valores de sustentabilidade, respeito à natureza, solidariedade e compromisso com as futuras gerações é que farão a diferença e proporcionarão a eles uma vida melhor. Se falharmos nisso, seremos lembrados como aqueles que pilharam o futuro de quem colocamos neste mundo.
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