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domingo, 15 de julho de 2012

Desindustrialização brasileira: mito ou fato?


Por Joaquim Maia Neto
O Brasil passa por um momento de ameaça à indústria nacional. Não se trata apenas de uma hipótese remota, ou de um mito, como muitos advogam. Os números corroboram o enfraquecimento do setor industrial, consequência de uma conjuntura global na qual outras atividades econômicas expandem sua participação no mercado. A situação é agravada pela acirrada competição com países nos quais a indústria é beneficiada por políticas públicas que lhe conferem vantagens em relação à indústria brasileira.
Muitos fatores têm levado à progressiva desindustrialização no nosso país. Quase todos agem reduzindo a competitividade brasileira no mercado global. Câmbio desfavorável, alta carga tributária, infraestrutura precária, encargos trabalhistas incompatíveis com as atuais exigências do mercado, juros elevados e custo dos insumos estão entre as principais causas das dificuldades que este importante setor da economia enfrenta atualmente. Nem mesmo a abundância de recursos naturais disponíveis no Brasil, que podem ser convertidos em matéria prima para a indústria, é capaz de amenizar os efeitos negativos do extenso rol de fatores prejudiciais.
Dentre todas as dificuldades, duas são decisivas e devem ser enfrentadas imediatamente: a infraestrutura logística e o câmbio. A primeira delas faz com que o custo de deslocamento represente um percentual alto na composição dos preços dos produtos finais. Para saná-la são necessários altos investimentos, que podem ser realizados diretamente pelo poder público ou em parceria com o setor privado, na forma de concessão de parte da cadeia logística à iniciativa privada. Nessa frente de ação devem ser priorizados os investimentos nos modais ferroviário e aquaviário de transportes, que são menos onerosos, devido aos ganhos de escala, e ainda garantem vantagens ambientais.
A questão do câmbio é um problema cuja solução é complexa, pois não depende exclusivamente de ações do governo brasileiro. A China, por exemplo, vem mantendo sua moeda artificialmente subvalorizada, com o evidente propósito de garantir competitividade às suas exportações de produtos manufaturados. Para compensar as perdas econômicas causadas pela política cambial chinesa, a União Européia e os Estados Unidos passaram a adotar medidas protecionistas que prejudicaram ainda mais a economia brasileira. Neste contexto, não há alternativa ao Brasil que não seja seguir o mesmo caminho, ou seja, adotar também ações no sentido de proteger a economia nacional, em especial o setor industrial.
A presidente Dilma Rousseff anunciou há pouco tempo, em recente reunião com grandes empresários brasileiros, medidas de proteção à indústria nacional. Consideradas tímidas por alguns analistas, as medidas têm ajudado a indústria na delicada conjuntura global atual.
Se ações protecionistas mais ousadas não forem implementadas, continuaremos a conviver com uma situação perversa, na qual, para manter a balança comercial com números positivos, o país acaba priorizando a produção de commodities primárias. Isso ocorre em detrimento da produção de bens manufaturados, que têm maior valor agregado. Gera-se, assim, um círculo vicioso que agrava a desindustrialização.
A defesa da indústria nacional, com a adoção de políticas públicas eficazes para o setor, é fundamental para que o sucesso econômico brasileiro se sustente no futuro. A desindustrialização é um problema real e deve ser enfrentado agora, sob pena de sermos os próximos expoentes de uma crise econômica.

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